AMB, FMUSP e Ministério da Saúde apresentam nova edição da Demografia Médica

Diretores da APM prestigiaram lançamento do estudo, que analisa a distribuição de médicos pelo País
No dia 30 de abril, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) recebeu médicos e autoridades em Saúde para o lançamento da sétima edição do estudo Demografia Médica no Brasil – 2025. A pesquisa, realizada em parceria com a Associação Médica Brasileira e com o Ministério da Saúde, contribui para nortear a distribuição dos profissionais ao redor do Brasil e, assim, orientar decisões e políticas públicas.
O presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, e o diretor de Patrimônio de Finanças da entidade, Florisval Meinão – que também atua como secretário geral da AMB –, estiveram presentes no lançamento. César Eduardo Fernandes, presidente da AMB; José Eduardo Lutaif Dolci, diretor Científico da instituição; e Francisco Balestrin, presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), também marcaram presença.
Eloísa Bonfá, diretora da Faculdade de Medicina, relembrou que a Demografia Médica é a principal referência sobre a realidade médica no País. Segundo Bonfá, nesta edição, o estudo está ainda mais completo e conta com dados atualizados sobre formação, especialização, distribuição e atuação dos profissionais nas mais diversas regiões do Brasil.
“Como a primeira mulher a ocupar a diretoria desta universidade em seus mais de 110 anos, tenho a enorme alegria de antecipar um dado simbólico. Pela primeira vez, as mulheres se tornarão, neste ano, maioria na Medicina brasileira – uma mudança histórica, que nos orgulha e que, ao mesmo tempo, nos convoca a construir um sistema de saúde mais equânime, acolhedor e diverso […]. Esta edição da Demografia Médica nos desafia a agir com responsabilidade, coragem e visão de futuro para a melhoria da Saúde e da formação dos profissionais”, manifestou.
Qualidade profissional - Para César Eduardo Fernandes, a qualidade da formação segue sendo uma preocupação palpável para a classe. “Nós achamos que eles [os egressos] precisam ser avaliados para a segurança dos pacientes que vão atender. Nosso trabalho é vocacionado para a melhor, mais qualificada e mais resolutiva assistência aos nossos pacientes”, pontuou o médico, relembrando do desafio e da importância de se aplicar provas que avaliem não apenas as capacidades dos residentes, mas de profissionais com anos de experiência. “Eu tenho que ter uma comprovação formal disso, não basta dizer que estou atualizado.”
Ele também reforçou que a Demografia se qualifica como um estudo abrangente, fundamental para compreender o complexo cenário da Medicina brasileira. “Torna-se premente a análise criteriosa da distribuição e formação dos médicos, sejam eles especialistas ou generalistas, para a preservação da qualidade da assistência à Saúde prestada à população e para o embasamento de políticas públicas eficazes no setor. Entendemos que o problema do Brasil não é falta de médicos. O ponto é a qualidade.”
Mário Scheffer, coordenador do estudo, foi quem apresentou os resultados obtidos por meio da análise. Ele destacou que ainda existem muitas desigualdades na distribuição de médicos e que a perspectiva é de que, até 2035, o Brasil tenha 5.2 médicos por mil habitantes – um número desafiador e que requer planejamento detalhado, no sentido de indicar como o sistema de saúde irá aproveitar um aumento tão expressivo no número de profissionais.
“Este é um trabalho coletivo de um grupo de pesquisa que há 15 anos iniciou este estudo. Esta edição conta com 22 pesquisadores, não só da USP, mas de faculdades parceiras. Realizamos um estudo qualitativo e percorremos os dados sociodemográficos dos médicos, passamos pela graduação e residência médica. Este é um trabalho que se dedica muito aos médicos especialistas a compreender as especialidades médicas.”
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os resultados da Demografia Médica são fundamentais para orientar estratégias de avanço na Saúde. “A ideia é aproveitar a capacidade instalada – muitas vezes ociosa – dos hospitais e ambulatórios privados. Uma das coisas que está clara para nós é que, em razão da forma como se distribui a estrutura de atendimento e a concentração de profissionais, não é possível avançar a oferta do atendimento especializado sem buscar parcerias com o setor privado”, demonstrou, salientando que o objetivo desta ação é ampliar os serviços oferecidos e, assim, reduzir as filas de espera.
Resultados - Até dezembro de 2024, o número de médicos especialistas no Brasil era de 353.287, 59,1% do total de médicos registrados no País, enquanto os 244.141 (40,9%) restantes eram generalistas. Das 55 especialidades, as que concentram o maior número de profissionais são Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Anestesiologia, Cardiologia e Ortopedia e Traumatologia.
Mesmo diante do aumento exponencial no número de médicos, a distribuição ao redor das regiões brasileiras é desigual. Deste modo, o percentual de médicos varia entre 72,2% no Distrito Federal e 67,9% no Rio Grande do Sul; 46,5% em Rondônia e 45,1% no Piauí. O Sudeste é a região com o maior número de especialistas, totalizando 55,4% dos médicos do País, seguida pelo Sul (16,7%), Nordeste (14,5%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (5,9%).
*Com informações da Associação Médica Brasileira
Fotos: Divulgação AMB