APM expressa preocupação com edital do Ministério da Saúde sobre Residência Médica

Pasta busca incentivar o desenvolvimento de novos programas de especialização e médicos temem que condições não sejam adequadas
Na terça-feira desta semana, dia 13 de maio, o Ministério da Saúde lançou um edital que visa ampliar os programas de Residência Médica no Brasil, aumentando o número de especialistas ao redor do País. Segundo a pasta, o objetivo da ação é diminuir defasagens no atendimento e proporcionar a especialização de profissionais nas regiões mais remotas e com menor cobertura assistencial.
O Ministério destaca que a ideia de realizar esta iniciativa surgiu após o lançamento da Demografia Médica 2025 – estudo realizado entre a Associação Médica Brasileira e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com apoio do próprio Ministério da Saúde – que evidenciou as disparidades na distribuição de especialistas no território nacional, cenário que concentra 55,4% deles no Sudeste e somente 5,9% no Norte.
Para o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, a proposta apresentada pelo Ministério é preocupante, pois engloba o receio de que aconteça com a Residência Médica o mesmo que vem ocorrendo com a graduação, formando especialistas despreparados em instituições sem a infraestrutura necessária.
“Acredito que não é desta maneira que vamos preencher a lacuna da má distribuição dos médicos e da formação de especialistas qualificados. O que há de ser feito é um investimento maior na Residência, contando com o apoio das sociedades de especialidades no credenciamento”, detalha.
O médico relembra que a Residência Médica é a melhor e mais eficiente maneira para formar um especialista capacitado e demonstra as suas apreensões em relação ao tema. “Nós temos receio de que também haja uma abertura indiscriminada de Residências Médicas. Apesar de estar escrito no edital que serão em locais com estrutura, são hospitais pequenos, com movimento menor e, seguramente, com instalações hospitalares não adequadas à formação de um especialista que necessita de infraestrutura, de corpo docente qualificado e de um hospital que tenha tradição na formação médica.”
Especialidades - Segundo o Ministério da Saúde, as especialidades prioritárias neste primeiro momento serão Ginecologia e Obstetrícia; Medicina Intensiva Pediátrica; Pediatria; Radioterapia; Cirurgia Oncológica; Oftalmologia; Cardiologia; Neonatologia; além de outras especialidades não médicas da Saúde. Para Antonio Gonçalves, o investimento também deveria englobar outras áreas, como Clínica Médica e Medicina de Família e Comunidade, dando um diferencial para os médicos que forem fazer Residência nestes setores.
O médico acrescenta que a Associação Paulista de Medicina estará empenhada para denunciar Residências Médicas de capacitação duvidosa. “Eu sempre digo que competência não se presume, se afere. Esta é posição da APM e creio que seja da grande maioria das entidades médicas. Vamos estar atentos a este edital para ver quais serão os hospitais e Residências credenciados, fazendo o possível para preservar a prática da boa Medicina e da boa assistência à população.” (FONTE: APM)