APM marca presença na reunião do Conselho Deliberativo da Associação Médica Brasileira
Representantes da Associação Paulista de Medicina participaram da reunião do Conselho Deliberativo da Associação Médica Brasileira, realizada nos dias 29 e 30 de maio em Gramado (RS). O encontro reuniu a Diretoria da AMB, de 23 sociedades de especialidades e das 25 federadas, mais um integrante do Conselho Federal de Medicina.
“A presença de todos nesta histórica reunião do Conselho Deliberativo da AMB é uma dedicação e demonstração clara de apoio ao movimento associativo. Quero reforçar o agradecimento à presença das Sociedades de Especialidades Médicas e também das Federadas. A pauta é extensa, mas tenho convicção de que teremos valiosas contribuições para a classe médica brasileira. Não defendemos ideologias e sim a promoção da melhoria contínua e qualificação dos médicos com o objetivo de oferecer segurança no atendimento à população”, afirmou o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, na abertura do evento.
Além do presidente da APM, Antonio José Gonçalves, participaram Akira Ishida (vice-presidente da APM e diretor Administrativo da AMB); Fernando Sabia Tallo (diretor de Eventos da APM e 2º tesoureiro da AMB); Florisval Meinão (diretor de Patrimônio e Finanças da APM e secretário geral da AMB); Lacildes Rovella Júnior (diretor Administrativo da APM e 1º tesoureiro da AMB); e Maria Rita de Souza Mesquita (secretária geral adjunta da APM e 1ª secretária da AMB).
Certificação médica e futuro do associativismo - Florisval Meinão fez apresentação durante o primeiro dia da reunião, detalhando uma pesquisa realizada pela AMB em parceria com o Instituto DataFolha, para conhecer a opinião dos brasileiros sobre a certificação médica. Foram realizadas 2.002 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 113 municípios, de 11 a 14 de março de 2025, com 52% de mulheres e 48% de homens, com idade média de 43 anos.
“Uma das avaliações apontou que 95% da população acredita que os médicos devam ter comprovação de que estão atualizados em suas respectivas áreas”, explicou Meinão. Pilotos de avião ficaram em segundo lugar, seguidos por jornalistas, engenheiros e advogados, que obtiveram avaliações similares.
Outra questão foi referente à atualização do certificado para exercer a profissão como médico especialista, por meio de congressos, cursos e outras atividades de formação, como ocorre em outros países. O secretário geral da AMB esclareceu que três quartos dos entrevistados consideram que, no Brasil, deveria ser obrigatória a atualização do certificado para o médico especialista exercer a profissão.
Por fim, foi perguntando se seria importante identificar a qualificação do médico especialista, como onde se formou, se participou de congressos, cursos ou outras atualizações, antes de marcar uma consulta. 64% dos entrevistados procurariam informações, sendo que 31% deles buscariam informações para todas as consultas e 33% para algumas especialidades.
Qual o futuro do associativismo médico foi ainda um questionamento apresentado por Florisval Meinão. Com a perda do poder aquisitivo da classe médica e o crescimento das especializações com suas respectivas sociedades de especialidade, os médicos vêm deixando de lado o associativismo.
E para buscar solucionar essa situação, a AMB propôs às federadas e sociedades de especialidades a criação de uma comissão por representantes de cada uma com o objetivo de unir, fortalecer e criar bases para a construção do exercício da Medicina. “As sociedades e federadas contarão com o assessoramento especializado e participação de dois representantes da Diretoria da AMB. É tempo de união e a AMB conta com vocês”, completou.
Feminilização da Medicina - Maria Rita de Souza Mesquita falou sobre a feminilização da Medicina no Brasil, ressaltando a importância do papel da mulher médica e as ações da AMB voltadas para essas profissionais, como a criação do Canal de Denúncias, para que as médicas possam apontar qualquer tipo de assédio em ambiente de trabalho.
“A atual gestão da AMB, em toda a história de mais de 70 anos da instituição, é a que tem mais buscado criar espaços de fala para as mulheres médicas brasileiras. E nos últimos dois anos, já foi comprovado, por meio de estudo da Demografia Médica no Brasil 2025, que as mulheres são maioria na classe médica do País. Precisamos ter voz ativa na nossa profissão”, pontuou.
Em 2024, a AMB também criou a Comissão Nacional em Defesa da Mulher Médica (Conadem), que conta com representantes das federadas e de sociedades de especialidades médicas do Brasil, priorizando ações para proteger as médicas diante de questões como disparidade de remuneração, violência moral e sexual.
Maria Rita ainda apresentou dados sobre a presença das mulheres nas residências médicas, na graduação do curso de Medicina no País, nas especialidades médicas e trouxe uma novidade ao final de sua apresentação, com a proposta de um novo projeto: o Núcleo de Mulheres Médicas, que tem como objetivo quantificar a presença das médicas nas Diretorias das entidades e analisar possíveis diferenças regionais e por entidade médica.
Projetos Anticalote, de Competências e Jovens - Fernando Tallo, por sua vez, falou sobre os projetos Anticalote e de Competências. O Projeto Anticalote atua com três objetivos básicos: mapear problemas relacionados à falta ou ao atraso de pagamento enfrentados pelos médicos de todo o País; definir estratégias para oferecer informações e assistência aos médicos que sofrem calotes, combatendo tais injustiças; e atrair médicos generalistas e recém-formados para se engajarem na vida associativa.
“Observamos que casos de calote e atraso nos pagamentos de plantões estão se tornando progressivamente mais frequentes no País. As denúncias oficiais são escassas e muitos infratores saem impunes, transferindo o ônus à classe médica. Os valores devidos chegam às dezenas de milhares de reais, por médico que sofreu calote”, explicou.
Tallo detalhou que a AMB e a APM desenvolveram um formulário específico, que já está sendo amplamente divulgado para os médicos, com o intuito de dimensionar essa situação e definir estratégias para orientar as vítimas de calotes quanto às suas opções de ação e tomar providências em casos de impacto coletivo, cobrando respostas e ações das instituições envolvidas.
Ele também apresentou o Projeto Competências, que tem como objetivo principal criar um documento que liste as habilidades práticas essenciais que os estudantes de Medicina devem possuir ao final da graduação. “Foram realizadas três rodadas, uma delas com um envio de um piloto para dois mil especialistas. A segunda, com mais de 60 reuniões realizadas com representantes das sociedades, grupos e comissões e, por fim, uma terceira com cada sociedade efetuando um disparo de link para 40 especialistas das áreas.”
A estrutura e o detalhamento da Comissão Nacional do Médico Jovem da AMB (CNMJ) foram outros pontos abordados por Fernando Tallo. Instituída em 2023, a CNMJ teve seu regimento aprovado agora, no ano de 2025. Atualmente conta com 35 membros, com representatividade dos seguintes estados: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
“A instituição dessa Comissão, além de ser fundamental para o fortalecimento do associativismo entre os médicos jovens, fomenta a representatividade e a atuação em âmbito nacional”, explicou. Segundo ele, os jovens atuam com bastante empenho nas reuniões quinzenais, projetos científicos, pesquisas, congressos e na divulgação dos posicionamentos da AMB.
Deliberações - Ao final das apresentações e discussões, realizadas durante os dois dias de evento, foram deliberadas ações, como a criação de um grupo de trabalho paritário – que terá representantes das sociedades de especialidades e das federadas – para desenvolver uma cartilha educativa voltada à orientação dos médicos sobre contratos de trabalho e foco na busca de soluções para a precarização das relações de trabalho médico.
Também ficou decidido que a AMB implemente o Novo Sistema de Títulos e Editais, com novos processos padronizados e reforço na segurança das informações, e a ampliação da presença das entidades médicas em reuniões e encontros políticos, para fortalecer os vínculos com lideranças estaduais.
Por unanimidade, foi aprovada a organização de uma mobilização em Brasília, simbolicamente intitulada de ‘Marcha pela Medicina de Qualidade’, com o objetivo de ampliar a pressão política para melhorias na área médica e da Saúde no País.
Também ficou acordado que as sociedades e federadas trabalharão para intensificar a articulação com parlamentares em defesa da aprovação do Exame Nacional de Proficiência em Medicina, reforçando a importância da avaliação para a garantia da qualidade da formação médica no Brasil.
(FONTE: APM, com informações e fotos da AMB)