Em coletiva à imprensa, APM, FMUSP e SES-SP apresentam Demografia Médica do Estado de São Paulo
Estudo foi fruto da parceria entre as instituições
A Associação Paulista de Medicina, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo realizaram, nesta quarta-feira, 10 de dezembro, entrevista coletiva à imprensa para divulgar o estudo “Demografia Médica do Estado de São Paulo 2026”. A pesquisa é um recorte da Demografia Médica no Brasil e traz as principais características, cenários e tendências dos médicos no estado de São Paulo.
“A Demografia Médica no Brasil tem balizado, com dados confiáveis, todas as políticas públicas que têm sido ou que deveriam ser adotadas. Os dados da Demografia Médica do nosso estado de São Paulo trazem um panorama das características e disposição dos médicos, sua relação com as especialidades, a situação da residência médica, dos cursos e vagas de graduação em Medicina, além do perfil dos estudantes e dos próprios médicos. Sem dúvida alguma, essas informações nortearão muitas ações e posicionamentos de todas as instituições envolvidas na saúde pública paulista”, iniciou o presidente da APM, Antonio José Gonçalves.
Mário Scheffer, coordenador do estudo e docente do departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, foi responsável por conduzir a apresentação sobre os resultados, salientando que este é o maior levantamento já feito sobre a oferta e distribuição de médicos no estado. “Não há mais escassez de médicos em São Paulo, essa é uma questão superada. Temos um crescimento em ritmo muito acelerado e nos últimos cinco anos foram acrescidos mais de 50 mil médicos no nosso estado. Nós trabalhamos com projeções, e baseado no cenário e nas tendências verificadas até agora, teremos 235 mil médicos daqui cinco anos e 340 mil médicos até 2035”, explicou.
Scheffer evidenciou que, somente no estado, nos últimos dez anos foram abertos 40 novos cursos de Medicina – 92% deles privados. Ele também relembrou que o perfil da profissão está mudando, apresentando uma nova face, mais feminina, jovem, com diversidade étnica e social. No entanto, apesar de uma modificação positiva, muitos desafios ainda precisam ser enfrentados. “Nós esperamos que este estudo da Demografia possa contribuir não só com o conhecimento científico deste campo, que é a força de trabalho da Saúde, mas com a implementação de políticas públicas baseadas em evidências”, complementou.
Considerações - José Luiz Gomes do Amaral representou o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Eleuses Paiva, reforçando que por meio do estudo será possível aprimorar o sistema de Saúde. “Essa é a continuação de um trabalho brilhante, a Demografia Médica no Brasil, mas não é uma obra concluída, é simplesmente a base para uma longa, e agora bem-qualificada, discussão. Nós vamos poder embasar as nossas discussões para que elas se tornem mais consistentes e o trabalho de vocês vai dar muita margem para aperfeiçoarmos a Saúde.”
Em nome do presidente da Associação Médica Brasileira, César Eduardo Fernandes, o secretário-geral da instituição, Florisval Meinão, manifestou que a iniciativa é extremamente valiosa. “A Demografia Médica Brasileira trouxe dados pertinentes para a formulação de políticas públicas e agora esse recorte no estado de São Paulo também, para que a própria Secretaria Estadual de Saúde possa entender e formar as suas próprias políticas. Para nós, representantes dos médicos, temos informações importantes para orientarmos os nossos trabalhos, que é defender os médicos na atividade profissional e a qualidade de assistência à Saúde da população, os dois pilares que sustentam o associativismo.”
A presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deputada estadual Bruna Furlan (PSDB), reforçou que o levantamento será fundamental para a realização do Fórum Paulista de Ensino Médico e Qualidade Assistencial, proposto pela APM e sediado na Alesp. “Sem dúvida, o estudo lançado hoje será fundamental para nortear esse fórum e outras ações. Suas informações e conclusões serão igualmente importantes para que possamos construir, juntos, soluções para os problemas identificados, a fim de que tenhamos profissionais de Medicina bem-formados, estimulados à especialização e que possam prestar atendimento de qualidade às populações de todas as regiões do estado.”
O deputado Elton de Carvalho Júnior (União Brasil), vice-presidente da Comissão de Saúde da Alesp, demonstrou os desafios encontrados pela Medicina no interior paulista. “Como médico e cirurgião, eu vejo os dados aqui colocados como algo extremamente preocupante em relação ao caminho que estamos tomando. Eu quero parabenizar toda a equipe pelo trabalho que fizeram, é extraordinário, quero colocar a Comissão de Saúde como uma companheira e um ponto de apoio à APM e todas as entidades médicas, para que a gente possa mostrar os dados que foram apresentados aqui e realizar algumas ações importantes para que a gente não torne o trabalho médico reduzido, fazendo com que o desenvolvimento da Ciência fique parado.”
Roger Chammas, assessor da Diretoria da FMUSP, relatou que, para a faculdade, realizar um estudo deste porte é emblemático. “Eu tenho o privilégio de estar aqui representando a Diretoria da Faculdade de Medicina da USP e tenho certeza de que vou sair daqui, como muitos de vocês, com a clara impressão de que o diagnóstico está feito. Parabéns por este excelente trabalho. Eu tenho certeza de que nós vamos conseguir aproveitar a nossa realidade e mostrar mais uma vez o protagonismo de São Paulo para além das fronteiras do estado e mostrar que nós podemos protagonizar, sim, a revolução sanitária que o nosso País precisa, formando as pessoas que vão atuar no Brasil como um todo.”
Angelo Vattimo, presidente do Cremesp, demonstrou a importância de ter acesso aos dados fornecidos pelo estudo. “Precisamos saber quem são os médicos, as especialidades e como eles atuam. Precisamos saber por que acontecem tantos processos, quem é o médico que é processado, que faculdade ele fez, quanto tempo de formado, se tem residência, se tem título. Nós vamos querer entender isso, senão não é possível implementar nenhuma ação. A Medicina está banalizada, então nós temos que, sim, bater nessa tecla da formação médica e da residência. Eu já vou hoje começar a ler o estudo e vou pedir para a equipe começar a utilizar esses dados que, para nós, vieram em muita boa hora.”
A Demografia Médica do Estado de São Paulo 2026 pode ser acessada AQUI
Fotos: Alexandre Diniz