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Fórum Conexão Jovem Pediatra discute IA, Residência Médica, Mídias sociais, direito médico e muito mais

Fórum Conexão Jovem Pediatra discute IA, Residência Médica, Mídias sociais, direito médico e muito mais

Evento focado nos jovens médicos aconteceu no dia 11 de outubro, na sede da APM

   No último dia 11 de outubro, a Comissão Especial de Médicos Jovens da Associação Paulista de Medicina realizou o Fórum Conexão Jovem Pediatra, na sede da entidade, em parceria com a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a Comissão Estadual de Residência Médica de São Paulo (Cerem-SP), a Associação Médica Brasileira e a Medway.
   O evento foi coordenado por Ana Cristina Ribeiro Zöllner, delegada da APM e membro da Diretoria da SPSP, que celebrou o dia como “um marco, o início de uma atividade para jovens médicos, preparado com muito carinho e cuidado”.
   “Temos que renovar a novidade que a juventude traz, tem que mesclar com a gente, médicos de ‘certa idade’. Queremos passar o bastão e temos certeza de que a pediatria vai evoluir com a presença de vocês”, declarou o presidente da SPSP, Sulim Abramovici, durante a abertura. Além dele, compuseram a mesa solene o vice-presidente da APM João Sobreira de Moura Neto, os diretores adjuntos de Defesa Profissional e de Previdência e Mutualismo, Marun David Cury e Clóvis Constantino; o diretor geral da Comissão Especial de Médicos Jovens da APM, Gabriel Senise; e o presidente da Comissão Nacional do Jovem Médico da AMB, Zeus Tristão dos Santos.

Residência Médica: Desafios e Números

   O primeiro painel teve a palestra “Residência Médica: Desafios do Aprendizado Cotidiano”, conduzida por Paulo Fernando Constâncio, presidente da Cerem-SP, que enfatizou que a residência médica é a melhor forma de se tornar especialista, pois assegura critérios como direito de atendimento, carga horária definida (cerca de 2.880 horas anuais) e financiamento de bolsa, entre outros.
O palestrante trouxe dados específicos sobre a residência de Pediatria: o Brasil dispõe de 2.139 vagas, sendo 662 apenas no estado de São Paulo. O ano de 2025 registrou crescimento nas vagas de R1 em comparação com o ano anterior. No entanto, Constâncio notou uma queda no número de residentes entre o R1 e o R3, cujos motivos ainda não são claros.
Ele aconselhou os futuros R1 a refletirem profundamente sobre a escolha profissional. Segundo o especialista, o aspirante deve tentar entender o processo inicial da vida, colocar-se no lugar do paciente e, antes de tudo, enxergar-se na profissão, sabendo que o sucesso dependerá unicamente do esforço individual. Após a apresentação, houve um debate conduzido por Enrico Stefano Suriano, diretor de Projetos da Comissão Especial de Médicos Jovens da APM.

Organizando o Tempo e Evitando o Burnout

   O painel sobre carreira teve o tema “Administrando meu tempo como médico pediatra” conduzido por Lucas de Brito Costa, diretor Financeiro da Comissão Especial de Médicos Jovens da APM, com moderação de Ana Zollner. Ele destacou que o tempo é um recurso limitado e relativo, sendo organização a chave para a eficiência.
   Costa listou erros comuns na gestão do tempo que devem ser evitados. O primeiro é não ter uma lista de afazeres, o que sobrecarrega o cérebro com a atribuição extra de listar e manter a memória atualizada. O segundo erro é não definir objetivos pessoais pois, especialmente durante a residência, o jovem médico pode acabar “comprando” objetivos de grupo que não se alinham com sua realidade sociodemográfica e familiar.
   Outros erros incluem não definir prioridades, trabalhando sempre na urgência; não conseguir lidar com distrações; a própria procrastinação (que, embora saudável em medida coordenada, é prejudicial em excesso); e, por fim, a sobrecarga de responsabilidades e o vício em trabalho. O pediatra reforçou ainda que o cérebro precisa de descanso para funcionar de forma ideal, e que é fundamental evitar o burnout – um tema de grande preocupação e estudo na saúde mental do jovem médico.

Sucesso Digital: Ética e Ciência nas Mídias Sociais

   No painel dedicado às Mídias Sociais, a infectologista Tassiana Rodrigues dos Santos Galvão, do @casal.infecto, abordou o tema “Sucesso nas Mídias Sociais: Ética e Ciência”, com moderação do diretor Executivo da Comissão Especial de Médicos Jovens da APM, Guilherme Marques dos Santos.
   Ela destacou que a internet é a principal fonte de informação médica para a população atualmente. Mais da metade das pessoas busca as redes (TikTok, Instagram, X etc.) para obter informações de Saúde, e adolescentes já trocam o Google por plataformas como o TikTok para fazer pesquisas.
   Tassiana Galvão notou que médicos com presença digital tendem a ter maior alcance e influência, e que pacientes frequentemente verificam o engajamento e a forma de comunicação do profissional nas redes antes de iniciar um tratamento. Para a médica, a chave para um bom conteúdo é originalidade e criatividade e, principalmente, a conformidade com a ética e a Ciência.
   A especialista listou critérios essenciais antes de uma postagem: A informação tem base científica clara? Ela protege o sigilo dos pacientes? O conteúdo promove a Saúde da população e está em conformidade com as questões éticas?. E concluiu que as redes sociais, além de serem uma ferramenta de sucesso na carreira (atraindo hospitais e empresas), são um meio poderoso de fazer a diferença na vida de inúmeras pessoas, desde que utilizadas com responsabilidade e com foco em Medicina Baseada em evidências.

Direito Médico e Inovação na Carreira

   O evento também incluiu painel sobre Direito Médico, com palestra da advogada Francine Curtolo sobre “Direito Médico e Defesa Profissional – Desafios na Pediatria” e moderação de Gabriel Senise. Compondo a assessoria jurídica da APM desde 2005, ela enfatizou a importância do conhecimento jurídico, que regula a relação entre profissionais, instituições, pacientes e Estado.
   E destacou que o melhor meio de proteção é a capacidade de provar que agiu corretamente. Neste sentido, o prontuário completo e bem preenchido é uma obrigação ética e uma poderosa defesa jurídica. Além disso, o termo de consentimento informado comprova o cumprimento do dever de informação. A advogada ainda alertou para o perigo de usar as redes sociais para discutir ou trocar informações sobre casos clínicos, pois isso pode se tornar uma prova negativa.
    A Medway, representada por seus fundadores, Alexandre Remor e João Vitor Fernando, abordou o tema “Empreender e inovar em início de carreira”, contando a trajetória da empresa, com moderação de Zeus Tristão.
   Também houve um painel dedicado à Inteligência Artificial, destacando como essa ferramenta pode contribuir com o jovem pediatra. O debate foi conduzido por Daniel Ferraz de Campos Filhos, engenheiro Aeroespacial, e a médica Thays Yada Matias Ferraz de Campos, ambos da Medway, com moderação de Guilherme Marques.

FONTE: APM -  Texto: Maria Lima (sob supervisão de Giovanna Rodrigues) / Fotos: Marcelo de Brito