Notícias

Intoxicação por metanol em bebidas adulteradas acende alerta na Saúde e APM enfatiza cuidados

   O estado de São Paulo tem registrado um aumento considerável e preocupante no número de intoxicações ocasionadas pela ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Até esta sexta-feira, 3 de outubro, o número de notificações suspeitas era de 59, com uma morte confirmada e outros cinco óbitos em investigação.
   A situação acende um alerta para a área da Saúde, já que o metanol é um produto industrial altamente tóxico e perigoso para o consumo humano, capaz de comprometer órgãos vitais como fígado, medula e cérebro. Em alguns casos, a substância pode provocar cegueira, insuficiência pulmonar e renal, coma e, em situações mais letais, levar à morte.
   Além disso, outra preocupação se dá pelo fato de a intoxicação por metanol apresentar sintomas semelhantes aos da embriaguez comum, já que o corpo, inicialmente, reage à substância de maneira muito similar ao etanol, álcool encontrado nas bebidas originais. No entanto, os sinais de intoxicação só costumam aparecer quando o quadro já está avançado.

Sintomas  - Os sintomas iniciais geralmente incluem náusea, vômito, dores abdominais, tontura e dor de cabeça – o que posterga a procura por atendimento médico e faz com que os pacientes só deem entrada no sistema de Saúde quando a situação já está crítica. Quando os pacientes procuram ajuda, o fígado já está atuando e produzindo os agentes tóxicos que são divididos entre o formaldeído e o ácido fórmico. Este último é o responsável por inibir a produção de energia nas mitocôndrias das células.
   Por isso, os nervos e a retina são os primeiros tecidos a apresentar sintomas, já que demandam alta energia e atividade, levando à visão borrada, fotofobia e sensação de pontos iluminados na visão. Neste mesmo sentido, acontece a acidose metabólica que, como o próprio nome sugere, eleva a acidez do sangue e causa respiração acelerada, fraqueza, confusão mental, além de sobrecarga no coração e nos pulmões.
Após 48 horas, o quadro de intoxicação se torna ainda mais grave, pois é neste momento em que o ácido fórmico alcança o sistema nervoso central, levando a convulsões, coma, falhas na consciência e arritmias cardíacas. É a partir daí que a cegueira tende a ser irreversível e pode haver um colapso do coração, pulmões e rins.

Cuidados - É importante frisar que quanto mais cedo iniciar o tratamento, maiores e mais assertivas são as chances de reverter os danos. Em casos mais graves, pode ser necessário que os pacientes sejam submetidos à hemodiálise. O tratamento contra a intoxicação por metanol envolve a utilização de antídotos, como o próprio etanol.
   No entanto, profissionais da Saúde reforçam que a administração do etanol na inibição da intoxicação deve ser feita em ambiente hospitalar, por pessoas habilitadas. A aplicação é feita via intravenosa, utilizando álcool etílico puro de uso medicinal, em quantidades calculadas exatamente de acordo com o peso de cada paciente e apenas por um determinado período.
   A Associação Paulista de Medicina reforça a importância de evitar o consumo de destilados – como gin, vodka ou uísque – neste momento. Em caso de suspeita de intoxicação por metanol, é imprescindível procurar imediatamente os serviços de urgência e emergência médica. (FONTE: APM)